Os seres humanos sempre olharam para além do mundo factual da realidade comum para algo sólido sobre o qual fundar suas vidas. Os modelos do mistério da vida sempre foram baseados nos mitos de uma imaginação imemorial. "As cosmologias mitológicas não correspondem ao mundo de fatos grosseiros, mas são funções de sonhos e visões", escreve o falecido Joseph Campbell, um dos grandes mitologistas do século XX. Sonhos e visões sempre foram, e sempre serão, as forças criativas que moldam a cosmologia. É um produto inerente da psique, uma linguagem simbólica de metafísica reconhecida por xamãs e videntes. Avisão pessoal do xamã se torna a visão coletiva do grupo. A cosmologia mitológica é evocativa e não referencial. Não é ciência ou história, mas sim simbolismo que serve como catalisador do bem estar espiritual.

Como a batida do tambor do xamã, ele desprende o indivíduo do componente integrante da consciência do pensamento comum e invoca os mistérios da imaginação e da intuição. O reino da cosmologia e o domínio do transe xamânico são um e o mesmo. Nick Black Elk, o famoso visionário e guardião Lakota do cachimbo sagrado, descreveu a cosmologia do tambor em sua descrição dos ritos sagrados da Oglala: "O tambor é sagrado. Sua forma redonda representa todo o universo, e seu ritmo constante é o pulso, o coração, latejandono centro do universo, é a voz de Wakan Tanka (o Criador), e esse som nos agita e nos ajuda aentender o mistério e o poder de todas as coisas".

O povo Ojibwa acredita que o tambor representa o mundo. Os bateristas envolvem o tambor exatamente como os vários ajudantes espirituais do Criador cercam o mundo. Os bateristas acreditam que estão representando ou "sentando-se para" receber ajudas espirituais do Criador. Os bateristas servem como um canal para as palavras e o conhecimento da fonte divina. Os Ojibwa freqüentemente se referem ao tambor como "nosso avô" (Criador). O chamado para participar de um encontro com os tambores, eles dizem: "vamos conversar com o avô".

Entre o povo Manchu do norte da China, o tambor de mão do xamã, ou Nimachin, toca um papel proeminente em mitos e rituais xamânicos e está intimamente relacionado com a procriação. De acordo com um antigo mito manchu, "o primeiro tambor e baqueta foram feitos do céu e uma montanha de Abkai Hehe (Mãe do céu), e eles eram o equipamento sagrado da Mãe do céu e do Criador. Além disso, foi a bateria do primeiro xamã, Nisan Shamaness que produziu a humanidade. "4

Os xamãs Manchu usam as ondas sonoras do tambor para voar para outros reinos e chamar espíritos ou deidades ajudantes. O TAMBOR SAGRADO para fins de cura existe há, pelo menos, 40 mil anos em diversas culturas. O tambor é associado à Direção Sul, ao arquétipo do Curador, ao elemento Terra e aos animais de quatro patas.

O som do tambor conduz à celebração, à dança e também ao êxtase, resgatando o equilíbrio e permitindo à expansão de consciência. Ele representa o coração da Mãe Terra, é o cavalo que nos leva em jornadas interiores ou para mundos distantes.